quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Final alternativo de uma história real Parte II

Leia ouvindo Frozen de Within Temptation




Ele me olhava nos olhos com a expressão exata de quem estava tentando livrar alguém da morte. Bem talvez ele estivesse, eu só não saberia dizer quem.

-Me convença – Mal meus lábios terminaram de se mover e já começava a me arrepender amargamente de tê-los feito dizer isso. Eu estava indo contra mim mesma e criando essas malditas expectativas. Aliás, eu estava indo contra minha consciência.

Ele me ouviu e começou a falar. Estava muito convicto enquanto me respondia, dando motivos concretos. Aqueles olhos me mostravam que ele era capaz de qualquer coisa pra me fazer mudar de idéia. Foi quase impossível manter minha decisão. Involuntariamente deixei de prestar atenção nas palavras dele.

Seu cabelo se movia lentamente conforme o vento mudava de posição, o suor escorria por sua pele, seus braços queriam me abraçar, eu sabia disso porque também queria. Era como se sua boca gritasse meu nome, me fazendo ceder aos poucos. Mas eu não podia, eu havia prometido.

Apesar de ser a única a compreender tudo aquilo, e de saber o que estava acontecendo, eu não conseguia me manter longe. Meus braços se arremessaram com força ao redor de seu corpo e eu me segurei nele por alguns minutos como se eu não quisesse deixá-lo ir. Eu realmente não queria. Ele ainda caminhava e falava sem alguma alteração.

Repentinamente (ao menos para mim), ele parou:
- Chegamos. Ei, você não estava me ouvindo, estava? – A voz dele me despertou.

- Me desculpe, eu realmente não ouvi, mas você sabe que a minha decisão está tomada e tenho meus motivos.

- Esses seus malditos motivos não ME convenceram.

- Acredito piamente que você não goste de mim, nunca disse isso mesmo quando precisei das suas palavras.

Assim que terminei a última frase, fui surpreendida por um estouro e por uma simples questão de reflexo, acabei em seus braços. Depois de alguns segundos ele sussurrou algo no meu ouvido e só então eu notei onde estava. A sensação era tão boa, pude sentir seu perfume me envolvendo. Se abrisse meus olhos talvez tivesse que deixá-lo.

Ele repetiu:
-Você está bem? –Movi levemente a cabeça como resposta. Não quis quebrar a magia que a voz dele causava dentro de mim. Ele esperou que eu dissesse algo. Como eu me permiti emudecer, ele continuou:

- Se eu disser que gosto de você algo vai realmente mudar? Você disse que a decisão estava tomada e não permitiu dar-se uma chance. – Ele me abraçou ainda mais forte.

Eu me afastei pra poder olhar nos seus olhos:
-E o que me garante que as conseqüências serão melhores se minha escolha mudar? O que me garante que amanhã outra pessoa não estará ouvindo as mesmas palavras?

- Da ultima vez que disse para alguém que a amava, fui chutado e torturado por esse maldito sentimentalismo piegas.
- Eu não pedi que você me amasse. Eu preciso ir agora. –

Dei as costas com as últimas forças que eu tinha. Ele colocou a mão no meu ombro e me virei pra ele.

-Espera, lembra do meu desejo? Desejei um beijo seu. Dizem que quando ele é contado pra alguém não se realiza mais, eu já perdi minhas esperanças. Adeus.

Eu dei alguns passos e então algo dentro de mim gritou o nome dele, algo que já não podia ser controlado. Ele ouviu meu chamado. Veio correndo e me segurou pela cintura enquanto meus joelhos tinham perdido toda a força. Ele me beijou. Aquele foi o beijo mais cheio de esperança, de ternura e de desejo que eu havia recebido. Eu me esqueci de tudo. Esqueci que não podia, que não devia. Esqueci que não tinha garantias e me perdi naquele beijo. Ele me soltou vagarosamente. Outra vez, dei as costas e os primeiros passos doeram. Minhas mãos esfregaram meu rosto e voltaram molhadas. As lágrimas pesavam toneladas. Só então notei que aquele beijo foi uma despedida.



Nem todos os finais são felizes e nem por isso deixam de ser finais. Bem ou mal, tudo tem um fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário