segunda-feira, 14 de março de 2011

Noite II

Outra vez ela o viu. Passara correndo entre a multidão, e ela sem sucesso, imediatamente passou a persegui-lo. Os olhos acompanhavam algo fixamente, como se ele também perseguisse alguém, mas ela nada via além do breu.
Ele corria por entre as almas perdidas no bosque e perseguia o mesmo caminho, subitamente dando voltas ao redor de si.
Ela, com seus passos humanos, corria em vão, de braços erguidos, na esperança de agarrá-lo como uma presa.
Repentinamente ela parou. ele era mais forte, mais ágil, mais veloz. Não fazia sentido correr sem êxito em tentar impedi-lo de ir outra vez. Uma lágrima caiu solitária.
Mas sabia ela, quando foi surpreendida com aquele som inesquecível da sua voz, uma brisa ao pé do ouvido, o olhar satisfeito que ele tinha, como o do leão que abocanhou o cordeiro.

Noite

O tempo estava estagnado. Talvez porque ela olhava o relógio num intervalo de minutos, mas naquele momento os segundos resolveram desenrolar-se com maior lentidão.
A chuva que caia leve e gelada, dissolvia as gotas salgadas que escorriam daqueles olhos castanhos, observadores, que procuravam. Mas procuravam em vão:
Ela sabia que ele jamais estaria ali, fora só mais uma ilusão.